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Pipeline de data centres terá que duplicar até 2025 para satisfazer necessidades de armazenamento na Europa

Frankfurt, Londres e Paris lideram o ranking de locais para data centres.

- O capital privado tem dominado 90% da atividade de M&A durante o ano de 2022;

- Oportunidades de sale & leaseback poderão registar crescimento devido aos elevados níveis de capex necessários;

 

De acordo com a Savills, o pipeline de data centres previsto para a Europa durante os próximos três anos é insuficiente para satisfazer o aumento previsto da procura. Com base em dados da TeleGeography, a Savills prevê que a capacidade de potência dos data centres europeus totalizará 9.000 MW até 2025. No entanto, o número de data centres terá de aumentar aproximadamente 2,5 vezes, através da construção de mais de 3.000 centros, fornecendo quase 20.750 MW, de forma a satisfazer a procura.

Lydia Brissy, Director, European Research, Savills, comenta: "a procura de armazenamento de dados tem vindo a crescer rapidamente desde 2020 e espera-se que o boom de dados continue, pelo menos, nos próximos cinco anos, com cerca de 72% das empresas a nível mundial a utilizarem plataformas digitais e cloud computing até 2026".

À medida que a procura de armazenamento de dados continua a aumentar, o mercado de data centres parece estar a mostrar resiliência, apesar de um contexto económico atual pouco promissor. De acordo com o Synergy Research Group, no primeiro semestre, cerca de 24 mil milhões de dólares de operações de M&A de data centres foram fechados, com mais 18 mil milhões de dólares de negócios pendentes para este ano.

Scott Newcome, Head of Data Centres, Savills EMEA, comenta, "2022 marcou uma forte entrada de capital privado na indústria, representando 90% do valor global de M&A de data centres. Com construção e gestão de valor avultado, os data centres requerem escala para atingir a rentabilidade, e é por isso que têm atraído tanto capital privado".

Estes centros são ativos de capital intensivo e, para satisfazer a procura por data storage, a indústria está atualmente a concentrar o seu Capex na expansão e melhoria das instalações atuais para satisfazer a procura, o que está a conduzir a um aumento das transações de sale & leaseback.

A Savills afirma que as yields prime europeias variam, atualmente, entre 3,6% - 4,5% em Frankfurt, Londres, Amesterdão e Paris (os mercados FLAP), e entre 4,0% e 5,5% em toda a Europa Ocidental.

"Esperamos uma maior compressão de yields nos próximos dois anos, uma vez que o setor continuará a atrair capital de um leque cada vez mais extenso de investidores", refere Brissy.

A Savills elaborou uma metodologia para identificar os destinos mais apetecíveis para os data centres na Europa com base em fatores que incluem a infraestrutura digital local, tecnologia, custos, procura e oferta, e disponibilidade de energia renovável.

Frankfurt, Londres e Paris estão no topo do ranking, principalmente devido à maturidade do seu mercado e ambiente competitivo. As cidades dos países nórdicos também ocupam um lugar de destaque, dada a disponibilidade de energia verde e a relativa acessibilidade de preços.

Scott Newcombe acrescenta: "com uma procura crescente, fluxos de rendimento a longo prazo e segurança, os fundamentos do setor de data centres são sólidos no pano de fundo da incerteza económica global. O segmento, contudo, não está imune à convulsão geopolítica. Altamente intensivo em termos energéticos, o acesso à energia é fundamental para o funcionamento destes centros, mas com a guerra na Ucrânia a causar limitações no abastecimento energético do continente, a segurança da energia está agora a tornar-se um desafio crítico. Por enquanto, é provável que os promotores concentrem novos projetos em locais onde a energia é assegurada, como a região nórdica, que é autoeficiente e verde".

Alexandra Portugal Gomes, Head of Research & communications da Savills Portugal afirma “Em 2021, apresentamos um estudo sobre o mercado de Data Centres, com enquadramento do mercado português na Europa. Portugal conta com o potencial para se tornar um dos grandes polos de infraestruturas de data centres da Europa, fruto da nossa localização geográfica privilegiada entre Europa, América do Sul e África, entre outros fatores como segurança e inovação. Em Portugal, grande parte das empresas optam por fazer o armazenamento de dados nas suas próprias instalações. Mas este cenário deverá sofrer uma reconfiguração, com a procura por data storage a aumentar à boleia do aumento exponencial de tráfego de dados”.