A Savills realizou a primeira edição do “Rural Mente - Conversas sobre o futuro da agricultura em Portugal”, criado para promover o debate em torno das principais tendências e transformações do mundo rural.

A sessão inaugural, centrada no tema “Agricultura Regenerativa: o futuro da produção sustentável”, reuniu especialistas nacionais e internacionais que partilharam perspetivas sobre o papel da agricultura regenerativa no presente e as tendências que irão moldar o setor nos próximos anos.

O evento decorreu na sede da Savills, no MB4 Office Building, em Lisboa, e teve início com uma intervenção de Bruno Amaro, Rural Business Developer da Savills Portugal, que destacou a importância de aproximar o conhecimento técnico da estratégia de investimento no setor rural, sublinhando que “a agricultura regenerativa representa uma oportunidade para Portugal liderar uma mudança positiva na forma como produzimos e gerimos o território”.

As apresentações seguintes, conduzidas por Ed Horton, Especialista em Agricultura Regenerativa na Savills UK, e Friso Abbing, CEO da Edafos, destacaram perspetivas complementares sobre a agricultura sustentável. Horton partilhou estudos de caso práticos que evidenciaram o valor económico e ecológico da gestão regenerativa dos solos, enquanto Abbing apresentou o modelo circular da Edafos para a transformação em larga escala de subprodutos agrícolas em soluções regenerativas de melhoria do solo. Ambos salientaram a ligação essencial entre a terra, o capital e a natureza, demonstrando que melhorar a saúde do solo não só apoia a biodiversidade e a captura de carbono, como também aumenta a rentabilidade das explorações agrícolas e o valor a longo prazo da terra.

O painel de debate, moderado por Isabel Martins, jornalista da revista Vida Rural, reuniu David Carvalho (CEO da Veracruz), Mafalda Evangelista (Diretora de Capital Natural da NBI) e Ricardo Zanatti (Diretor de Agribusiness da Caixa Geral de Depósitos). A estes nomes juntaram-se Ed Horton e Friso Abbing, enriquecendo a discussão com uma visão internacional sobre a implementação de práticas regenerativas.

Durante o debate, foram sublinhados temas como a necessidade de harmonizar critérios de certificação num panorama agrícola ainda muito diverso, bem como o papel que os retalhistas podem desempenhar na criação de uma categoria de agricultura regenerativa, capaz de refletir o verdadeiro valor destes produtos e permitir uma distribuição mais justa ao longo da cadeia alimentar.

Os participantes destacaram ainda que a educação e a formação dos agricultores são fundamentais para acelerar a transição para práticas regenerativas, promovendo uma maior compreensão dos benefícios ambientais e económicos da mudança. Foi também reconhecido que, embora o futuro da agricultura regenerativa seja promissor, a sua expansão dependerá da superação de barreiras práticas, económicas e institucionais, num contexto em que a política europeia tem avançado de forma lenta e em que a rentabilidade sem apoio público continua a ser um dos principais desafios, sobretudo num país com níveis baixos de matéria orgânica nos solos.

“Através do ‘Rural Mente’, pretendemos criar um espaço de diálogo entre os diferentes agentes do setor rural, desde produtores a investidores, passando por entidades financeiras e técnicas. A agricultura regenerativa é uma oportunidade para Portugal liderar uma mudança positiva na forma como produzimos e gerimos o território. Agradeço a todos os que estiveram presentes nesta primeira edição e contribuíram para um debate tão rico e inspirador”, afirma Bruno Amaro, Rural Business Developer da Savills Portugal.