2020: um ponto de partida para a indústria de centros de dados

Há apenas 10 anos foi lançado o primeiro iPad. Na altura, a ideia de ter um dispositivo tablet era ótima, mas a sua verdadeira utilidade era dúbia. Hoje em dia, os smartphones e tablets são tão utilizados que facilmente nos esquecemos como era viver sem eles. Em 10 anos, o mercado de tablets foi impulsionado para a ribalta. Entre o 2º semestre de 2010 e o 2º semestre de 2020, foram enviados mais de 1.6 biliões de tablets a nível mundial.

Desde 2020, 59% da população global está conectada, enquanto que em 2010 esse número era de 26.6%. Segundo o Global Web Index, os utilizadores de internet passam, em média, 6.43 horas por dia online, o equivalente a, aproximadamente, 100 dias por ano. Dormindo oito horas por dia, isto significa que atualmente passamos mais de 40% do nosso tempo acordados utilizando a internet, a clicar, deslizar, gostar, tweetar, criando e utilizando dados em simultâneo.

À medida que a Covid-19 moveu o mundo online, o montante de dados criados aumentou de forma impressionante. Segundo a Domo, em 2020, a cada minuto decorrido foram assistidas, a nível global, 404,444 horas de vídeo no Netflix, 42 milhões de mensagens enviadas no WhatsApp, 1 milhão de dólares gasto em compras online, a Amazon envia 6,659 remessas e o Zoom reúne 208,333 utilizadores. Os utilizadores da internet geram 2.5 triliões (18 zeros) de bites em dados por dia.

Além disso, o montante de dados recolhidos na indústria e comércio está a registar uma taxa de subida sem precedentes, despoletada pelo surgimento da Internet of Things (IoT), inteligência artificial (AI), realidade aumentada (AR) e blockchains. De acordo com a Cisco Systems, até 2023, as comunicações máquina-a-máquina (M2M) poderão representar 50% dos 14.7 biliões de conexões esperadas. Em comparação, estas comunicações M2M representaram 33% de 6.1 biliões de conexões em 2018.

Para acomodar este aumento explosivo na procura por capacidade de armazenamento, o número de centros de dados globais está em forte expansão. O número de centros de dados de larga escala mundial mais do que duplicou entre 2015 e o 2ª semestre de 2020, de 259 para 541, segundo a Cisco Systems. Embora isto gere muitas oportunidades para operadores, programadores e investidores, também impõe alguns desafios para todos os intervenientes no segmento, hoje em da, incluindo a sustentabilidade de tal crescimento, a cibersegurança e a soberania dos dados, conectividade transversal para evitar a latência, durabilidade e interrupções, inovação rápida, e obsolescência induzida.