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Madalena Carey, Executive Director at Happiness Business School & Sustainability Business School

A Madalena tem tido um percurso único no que à formação de profissionais diz respeito, foi neste campo de atuação que encontrou o seu propósito através da criação da Happiness Business School. Quais os principais objetivos deste conceito diferenciador em termos de aplicabilidade no mundo empresarial?

O principal objetivo é que o trabalho deixe de ser um fardo e passe a ser algo que nos inspira. Depois temos como objetivos o plantar de uma semente para reflexão da real importância, o desconstruir a temática com seriedade e credibilidade e, claro, a promoção do bem-estar e a integração de práticas que visam não apenas o desenvolvimento profissional, mas também o equilíbrio e a felicidade no ambiente de trabalho. Capacitamos líderes para uma abordagem mais ágil, humanizada, consciente e promovemos nos colaboradores competências que os ajudam a ser mudança positiva e a florescerem num mundo muitas vezes adverso. Uma boa cultura traduz-se em equipas mais coesas que geram uma melhor performance. Uma melhor performance traduz-se em mais lucro. Empresa a empresa, alavancamos a sustentabilidade social que impacta a economia global.

O que a inspirou a combinar felicidade e sustentabilidade na formação empresarial e como vê a interseção destes dois aspetos para os futuros líderes?

A combinação de felicidade e sustentabilidade na formação empresarial foi motivada pela compreensão de que, no contexto ESG, o pilar social é muitas vezes esquecido em relação ao pilar ambiental. O pilar social tem o foco nas pessoas, pelo que está diretamente relacionado com a felicidade. Tanto a felicidade como a sustentabilidade são consideradas luxos modernos, relacionados à qualidade de vida: como ter uma voz, acesso a água limpa para beber e ar puro para respirar. A busca pela felicidade individual está também interligada à sensação de contribuir para algo maior que nós mesmos, e começou a ficar evidente para nós que para trabalhar ambientes saudáveis num ecossistema que está profundamente doente, era crucial que abordássemos problemas estruturais e sistémicos. Existe um stress interconectado entre o indivíduo, os sistemas que cria à sua medida e o impacto que estes sistemas têm no planeta. Este foco não apenas fortalece o sistema imunitário coletivo, mas também destaca a necessidade de líderes futuros abordarem questões enraizadas para promover não só o bem-estar individual, mas a justiça social e a resiliência da sociedade como um todo.

 

Na sua opinião, quais os maiores desafios que as empresas enfrentam aquando da incorporação da sustentabilidade nos seus modelos de negócio, e como é que esses obstáculos podem ser eficazmente ultrapassados?

A incorporação da sustentabilidade nos modelos de negócio enfrenta desafios significativos, nomeadamente a resistência à mudança, seja cultural ou operacional, e as preocupações imediatas de natureza financeira, muitas vezes acompanhadas por uma falta de compreensão sobre os benefícios da sustentabilidade a longo prazo. Para superar estes obstáculos, as empresas podem adotar uma abordagem gradual, começando por estabelecer metas sustentáveis realistas e mensuráveis. A educação interna desempenha um papel crucial, consciencializando os colaboradores sobre a importância da sustentabilidade e o seu papel na resiliência e no sucesso a longo prazo da empresa. Além disso, a integração de práticas sustentáveis em toda a cadeia de valor é um desafio comum, exigindo colaboração estreita com fornecedores, parceiros e outras partes interessadas. Investir em tecnologias inovadoras e eficientes em termos de recursos surge como uma estratégia eficaz para reduzir impactos ambientais e alcançar eficiências operacionais. Deixo para o fim, o que na minha opinião é a maior dificuldade de todas: a falta de ética na ditadura do capitalismo inconsciente. Aqui acredito que a solução envolve promover responsabilidade corporativa, regulamentações eficazes e uma mudança cultural em direção a valores sustentáveis, com o compromisso ativo da sociedade e dos consumidores.

A felicidade no local de trabalho é, por vezes, descurada. De que forma poderão as empresas cultivar uma cultura que priorize o bem-estar das suas pessoas e, ao mesmo tempo, atingir os objetivos de sustentabilidade?

A promoção da felicidade no local de trabalho, muitas vezes negligenciada, e o alcance dos objetivos de sustentabilidade podem ser efetivamente integrados através de uma abordagem fundamentada no pensamento sistémico. Ao invés de tratarmos separadamente o bem-estar dos colaboradores e as práticas sustentáveis, as empresas podem adotar uma visão holística, reconhecendo as complexas interconexões entre estes dois elementos. A implementação de políticas que promovam um equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, a criação de ambientes inclusivos e investimento em programas de desenvolvimento. Ao compreender que o bem-estar individual está intrinsecamente ligado à produtividade, as empresas podem cultivar uma cultura organizacional mais resiliente, eficiente e orientada para o futuro, contribuindo assim para um sucesso sustentável.

 

Que papel acredita que a formação desempenha na promoção de uma nova geração de líderes empresariais cujas prioridades sejam a sustentabilidade e o bem-estar das suas equipas?

Acredito convictamente que uma educação positiva e informada é a chave para transformar o mundo. A informação traz-nos consciência, dá-nos habilidades e competências específicas, e através dela, exploramos estudos de caso, adquirimos novas perspetivas e compreendemos as interconexões entre compromisso dos colaboradores, sucesso empresarial e meio ambiente. Essa abordagem multidisciplinar não só fortalece as empresas individualmente, capacitando-as a enfrentar desafios num mundo em constante mudança, mas também impulsiona a inovação e a busca por soluções sustentáveis, contribuindo para um impacto positivo mais amplo na sociedade e no meio ambiente. É urgente refletir para diagnosticar, aprender para ensinar, e finalmente agir. 

 

Com as mudanças em curso nas preferências dos consumidores e nas tendências globais, que conselhos-chave daria às organizações que procuram adaptar as suas estratégias para fazer face à evolução das práticas sustentáveis, mantendo a rentabilidade?

O consumidor está mais consciente do que nunca do impacto dos seus comportamentos e quer cada vez menos consumir de marcas que não estejam alinhadas com os seus valores. Ao adotar uma abordagem abrangente para a integração da sustentabilidade nos negócios, as organizações podem construir uma base sólida para alinhar a responsabilidade social com a rentabilidade. É assim, muito importante compreender as preferências sustentáveis dos consumidores, estabelecer metas mensuráveis e claras, melhorar a sustentabilidade em toda a cadeia de suprimentos, investir em inovação sustentável, implementar práticas de produção eco eficientes, explorar modelos de negócios circulares, e acima de tudo adotar uma abordagem de transparência. Ao seguir estas estratégias, as organizações não apenas atendem às expectativas dos consumidores, mas também constroem uma vantagem competitiva duradoura.

Para si, ser Beyond Green é…?

Repensar o convencional, indo além do que é mais fácil e adotando práticas sustentáveis inovadoras e impactantes.

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