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Mercado europeu de residencias para a 3ª idade recebe volume de investimento recorde no primeiro semestre

Com um investimento total acima dos 4 mil milhões de euros, o segmento superou em 38% a média dos últimos 5 primeiros semestres.

 

O segmento de residências para senior living e de lares para pessoas da terceira idade está a atrair cada vez mais investidores e espera-se que o volume de investimento no final de 2021 atinja um novo máximo anual. De acordo com a análise European Senior Living & Care Home Investment da consultora imobiliária internacional Savills, o aumento da população com idade igual ou superior a 65 anos na Europa está a transformar este segmento imobiliário num dos mais apetecíveis para os investidores.

No primeiro semestre do ano, registou-se um volume de investimento de mais de 4 mil milhões de euros no segmento imobiliário dedicado à população sénior, designadamente em residências para senior living e lares para pessoas da terceira idade. Este é o valor mais alto que já foi registado num primeiro semestre e supera em 38% a média das primeiras metades dos últimos 5 anos.

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Os dados demonstram que o setor praticamente não sofreu com a pandemia, sendo que registou um volume de investimento na ordem dos 7,5 mil milhões de euros em 2020, um valor somente 4% abaixo do volume registado em 2019, ano em que foi possível observar a maior atividade de investimento dos últimos 14 anos.

Dados da Comissão Europeia indicam que a partir de 2026 a população do continente começará a contrair e o número de pessoas com mais de 65 anos manterá uma trajetória ascendente. As estimativas apontam para que, até 2050, 30% do total da população europeia tenha idade igual ou superior a 65 anos (atualmente 20%) e que 11% tenha idades acima dos 80 (atualmente 6%).

Estas transformações demográficas deverão continuar a impulsionar a atratividade dos ativos especialmente dedicados à população mais velha.

Portugal está entre os países europeus, como Alemanha e Itália, em que a representatividade percentual da população acima dos 65 anos de idade aumentará a um ritmo mais acelerado, comparativamente aos restantes países do continente.

A Savills considera que as residências para senior living e os lares para a terceira idade posicionam-se como uma aposta segura, devido à estabilidade e longevidade dos retornos sobre o investimento, que pode ser reforçado com as receitas da disponibilização de serviços à la carte.

Também, à medida que a dimensão ESG (Ambiente, Social e Governance) assume uma cada vez maior importância na lista de prioridades dos investidores, o investimento nos segmentos imobiliários dedicados à população acima dos 65 anos de idade beneficia da alavancagem proporcionada pelas políticas ESG.

Olhando para os últimos cinco anos, os lares para idosos representaram cerca de 76% do volume total de investimento feito no setor das soluções residenciais para a população sénior.

Horacio Blum, Capital Markets Associate Director da Savills Portugal, refere que «Em Portugal, a crescente esperança média de vida e, em particular, as melhores condições de saúde têm evidenciado a necessidade para soluções residenciais mais diversas e mais flexíveis para os segmentos mais velhos da população.».

«Adicionalmente, fatores culturais e económicos, como o aumento de famílias monoparentais, a maior inclusão de mulheres no mercado de trabalho ou a mobilidade das forças de trabalho, têm impulsionado transformações na forma como a sociedade olha para os cidadãos mais velhos. Esta confluência de tendências requer respostas mais ágeis e adequadas por parte do mercado imobiliário e economicamente viáveis a longo prazo para responder às necessidades deste novo perfil de residentes sénior.», explica.

 

Segmento de senior living em ascensão em Portugal e na Europa

Na Europa, o setor do senior living ainda está em emergência, e em Portugal tem vindo a conquistar cada vez mais destaque no mercado imobiliário. Este crescimento tem sido impulsionado por investimentos domésticos e internacionais, essenciais para a multiplicação das instalações dedicadas ao senior living. As condições geográficas favoráveis aliadas a transformações demográficas e sociais fazem de Portugal um destino incontornável para o investimento neste segmento imobiliário em franca ascensão na Europa.

Em Portugal, existem atualmente cerca de 1.800 instituições públicas e 740 operadores privados no setor das soluções residenciais para adultos sénior, com capacidade para mais de 100 mil utentes e com a prevalência dos chamados “lares de idosos”.

Apesar de serem responsáveis por 64 residências e 2.700 camas, os operadores privados ainda representam uma pequena fatia do potencial deste setor, ficando abaixo dos 20% do total. Este valor está em linha com países como Suécia e Noruega, mas fica bastante abaixo dos mercados de França (40%), Espanha (70%) e Reino Unido (80%).

Contudo, todas as previsões apontam para a expansão do segmento de senior living em Portugal, em que o foco é a vida independente, e, também, a consolidação do modelo de assistência à autonomia em domicílio.

De recordar que embora a população europeia esteja a envelhecer, está a fazê-lo com cada vez mais saúde, pelo que a oferta de soluções residenciais também estão a mudar para dar resposta a um segmento demográfico crescente, mais exigente, mais ativo e mais autónomo.

Alexandra Gomes, Head of Research da Savills Portugal, explica que «Nos últimos 20 anos, a capacidade de resposta dos lares e residências seniores aumentou cerca de 81%, com os distritos de Lisboa e Porto a reunirem 24,7% da oferta total de camas integradas em ERPI´s a nível nacional. A este mercado vimos chegar, também em anos mais recentes, um conjunto de operadores privados que aposta na qualidade e inovação dos seus equipamentos, integrando fatores diferenciadores que respondam às reais necessidades dos ocupantes.».

Acrescenta que «Em 2020, a Savills identificou um total de 64 residências seniores, de norte a sul do país que se enquadram no conceito de residências assistidas, caracterizadas por uma oferta de equipamentos e serviços de qualidade, direcionados para o público sénior que apresente um grau de autonomia elevado, podendo igualmente prestar cuidados e serviços médicos através de parcerias estabelecidas com unidades de saúde.».