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Savills prevê que mercados imobiliários regressem a níveis pré-pandemia já em 2022

 

Sob o tema “Evoluir”, a análise Impacts 2021 da Savills demonstra também que os modelos de trabalho híbridos vieram para ficar e que o segmento de escritórios será um dos principais motores da recuperação do mercado.

 

A pandemia e os confinamentos impulsionaram transformações em quase todos os setores de atividade económica um pouco por todo o mundo, originando novos paradigmas de consumo e operação ou reforçando mudanças que já estavam em curso. Lançado globalmente no dia 15 de junho, o novo documento Impacts 2021 da consultora imobiliária internacional Savills analisa a evolução do mercado imobiliário mundial durante o último ano e antevê as principais tendências para 2022.

“À medida que entramos num período em que a vacinação nos ajuda a olhar para o futuro, o nosso comportamento continuará a evoluir, tal como as exigências em todos os setores do imobiliário”, sentencia Mark Ridley, Global Chief Executive Officer da Savills na abertura do documento Impacts 2021, este ano subordinado ao tema Evolve, ou “Evoluir”.

 

Em 2022, escritórios deverão dominar investimentos imobiliários em Lisboa

O Impacts 2021 antevê que o segmento de escritórios será o que atrairá maior volume de investimento durante o próximo ano. Em Lisboa, estima-se que esse segmento seja capaz de captar 35 por cento do total de investimentos no mercado imobiliário português, colocando a capital do país ao nível de cidades como Madrid e Milão.

A nível mundial, a região da Ásia-Pacífico deverá destacar-se, com o segmento de escritórios a dominar mais de 50 por cento do total de investimentos imobiliários.

Source: Savills World Research. NB. only 32 cities included, as 4 out of Savills 36 researchers did not answer question

O ano de 2022 deverá ficar marcado pelo regresso dos mercados imobiliários em todo o mundo aos níveis de performance pré-pandemia, quer em termos de arrendamento, quer de investimento. Estima-se que o segmento de escritórios seja a principal força-motriz por detrás da recuperação do setor, e que, a nível global, as empresas tecnológicas sejam os principais responsáveis pelo fortalecimento deste segmento imobiliário, designadamente através do arrendamento.

Paulo Silva, Head of Country da Savills Portugal, salienta que “Este estudo sublinha a forma atenta e crítica como a Savills está no mercado imobiliário, procurando antecipar tendências a partir de uma leitura atenta da realidade, das reações às mudanças que nos são dadas a observar, bem como do diálogo promovido com os principais operadores dos mercados imobiliários”.

 

Modelos de trabalho híbrido: fenómeno pontual ou tendência transformadora?

O Impacts 2021 olha também para o mercado de trabalho e para as transformações sofridas pelo segmento de escritórios, devido aos sucessivos confinamentos e à massificação do modelo de trabalho remoto, deixando muitos espaços de escritórios vazios durante meses. Terão os escritórios os dias contados?

A Savills prevê que o teletrabalho não ditará o fim dos escritórios, mas que potenciará a emergência de novos modelos de trabalho, em que o escritório tradicional e os chamados home offices desempenharão novos papéis num emergente paradigma híbrido.

Durante os próximos cinco anos, será possível observar a multiplicação de modelos de trabalho repartidos entre o escritório e a residência do trabalhador. Este fenómeno deverá registar uma maior aceleração em cidades como Nova Iorque, Paris, Londres, Berlim e Frankfurt.

Fenómenos climáticos extremos preocupam investidores

O aumento da frequência e intensidade de eventos climáticos violentos representa, cada vez mais, uma preocupação para os investidores do mercado imobiliário. No Impacts 2021, a Savills destaca que, hoje, muitas cidades globais estão em risco de se tornarem vítimas diretas das alterações climáticas, destacando a especial vulnerabilidade das cidades costeiras.

É com crescente importância que os investidores olham para os riscos físicos a que os seus ativos estão expostos, e as políticas municipais de mitigação dos efeitos das alterações climáticas nas cidades em que os seus imóveis estão localizados pesam cada vez mais na hora da tomada de decisão. Análises de risco climático são já parte indispensável da ponderação sobre o investimento por parte de muitos investidores.

Riscos de seca, ondas de calor, cheias e tempestades são alguns dos indicadores que podem ser decisivos para o investimento imobiliário em várias cidades em todo o mundo.

Em linha com as preocupações a nível global, muitos proprietários estão a investir na sustentabilidade dos seus imóveis, com, por exemplo, a implementação de sistemas de monitorização inteligente de gastos energéticos, de forma a conseguirem aumentar a rentabilidade do investimento, ao mesmo tempo que reduzem a pegada ecológica dos seus ativos. No topo da lista de razões que levam as empresas a conferirem cada vez maior importância à sustentabilidade dos seus ativos estão a reputação da empresa e as oportunidades para aumento do retorno sobre investimentos.

Análise da Savills indica que 59 das 100 empresas com maior volume de receitas em todo o mundo já estabeleceram estratégias para redução de emissões de CO2, sendo que metade espera começar a atingir essas metas no início da próxima década.

Bárbara Clemente, Senior Architect Consultant & WELL AP Certified, refere que “Na Savills procuramos acima de tudo promover a saúde e bem-estar daqueles que percorrem os espaços urbanos e o interior dos edifícios. São exemplos concretos, o da reabilitação do edifício Miguel Bombarda 4, com o projeto e obra a cargo da Savills, onde o compromisso com a descarbonização é claro. As ações implementadas irão garantir, por exemplo, que 39% da energia seja proveniente de energias renováveis no edifício, como uma melhoria da gestão do edifício controlada e partilhada aos seus ocupantes através de ferramentas digitais. Com o reconhecimento destas ações estará a certificação do edifício em BREEAM-In-Use, acentuando o compromisso sustentável no desempenho operacional do edifício.”

 

Cidades dos EUA, Inglaterra e Japão lideram índice de resiliência 2021

A Savills analisou 500 cidades em todo o mundo com base em critérios englobados em quatro grandes temas: fundamentals económicos, economia e tecnologia de conhecimento, ESG (Ambiente, Social e Governance) e imobiliário.

No topo do índice figuram Nova Iorque, Los Angeles, Londres, Tóquio e São Francisco como as cinco cidades que demonstraram os níveis mais elevados de resiliência face aos impactos da pandemia de COVID-19. Estima-se que estas metrópoles continuarão a transformar-se e a adaptar-se a novos desafios que possam surgir.

Analisando estas cidades exclusivamente através da lente imobiliária, é possível concluir que, apesar de o primeiro trimestre de 2021 ter ficado marcado por quebras significativas no volume global de transações comerciais, as maiores cidades mantiveram-se na liderança, com Los Angeles, nos EUA, a ultrapassar Nova Iorque como a cidade com o maior volume de transações imobiliárias a nível mundial.

Patrícia Liz, CEO da Savills Portugal, refere que “O nosso estudo veio demonstrar claramente, que o vigor que o mercado imobiliário apresentou nos últimos anos é consistente e se manteve em níveis muito interessantes, capaz de uma recuperação de energia que impulsionará as tendências que já se faziam sentir, ainda que de forma tímida, nos anos imediatamente anteriores a esta pandemia. De todos os conceitos que hoje falamos, hot desking, trabalho remoto, reuniões à distância, entre outros... só a agilidade de reuniões via Teams, Zoom, Google meeting, etc. foi de certa forma novidade, todos os outros conceitos de trabalho estavam já a ser implementados das mais variadas formas.”

Acrescenta ainda que “O que se verifica é um impulso fortíssimo para aquilo que poderia demorar muitos anos a disseminar por todas as empresas. O fenómeno de aceleração a que iremos assistir nos novos conceitos de trabalho, tem a ver também com isto, com o facto destes conceitos já estarem à disposição das empresas e no mindset de quem projeta e constrói, a que se junta o conhecimento e vontade de quem investe. A liquidez do mercado será também um motor para essa aceleração. Também o acordar de forma mais consistente para o tema da sustentabilidade nas suas variadas formas, foi sem dúvida um dos fatores positivos que, este momento, ainda que negativo, veio impulsionar, demonstrando uma vez mais que das crises também surgem oportunidades.”