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Europa precisa de mais 1,7 milhões de metros quadrados de armazenamento para lidar com aumento de devoluções online

 

Estudo recente da Savills indica que confinamento na Europa fez aumentar comércio online e prevê que, ao longo dos próximos anos, empresas de entrega de encomendas precisarão de mais espaço nos seus armazéns.

Até 2025, serão precisos mais 8,6 milhões de metros quadrados de espaço nos armazéns das empresas de entregas na Europa para dar resposta ao crescimento do e-commerce. Esta é uma das principais conclusões de um estudo realizado recentemente pela Savills, consultora imobiliária internacional, que também aponta que o número de devoluções de bens comprados online é já superior ao número de devoluções de compras em loja. Um dos motivos centrais desse aumento é a impossibilidade de o consumidor poder experimentar e examinar os bens antes da compra.

Assumindo que 20% dos bens comprados online entre 2021 e 2025 serão devolvidos, estima-se que as empresas de entregas de encomendas na Europa precisarão de mais 1,7 milhões de metros quadrados para acomodar e processar o retorno dos produtos. Em vez de observarmos uma relação paralela entre devoluções de encomendas e a exigência logística, o que se deve verificar é um “efeito de cascata” nas novas necessidades de parceiros comerciais associados.  

Países europeus podem responder de diferentes formas ao problema das devoluções

Alexandra Portugal Gomes, Market Research Associate da Savills Portugal afirma que “com um crescimento sem paralelo, o comércio online veio transformar profundamente os hábitos de compra dos portugueses, com repercussões que vieram colocar à prova, não só os modelos de distribuição, mas também os espaços de armazenagem das empresas distribuidoras. São agora necessárias soluções de gestão de devoluções com áreas de armazéns destinadas a esse fim. As devoluções advindas do comércio online são mais uma variante que está a obrigar à reestruturação necessária de espaços logísticos existentes ou à procura de instalações complementares”.

A Savills sublinha ainda que, na Europa, podem observar-se diferenças na forma como alguns países lidam com as devoluções no setor do e-commerce. O Reino Unido demonstra uma melhor capacidade para lidar com este fenómeno em crescendo, o que está em consonância com o nível de penetração do e-commerce no país (28% em 2020).

Mike Barnes, European Commercial Research Associate da Savills, afirma que “temos observado um aumento exponencial nas compras online ao longo do ano de 2020, amplamente alimentado pelo impacto da pandemia de COVID-19. Embora antecipemos que as estratégias Omni canal dos retalhistas se tornem mais simplificadas de forma a reduzir o número de devoluções, é evidente que será significativo o nível de procura por espaço de armazenamento logístico, quer para novo stock, quer para devoluções”.

Nos Países Baixos, por outro lado, operadores logísticos terceiros (3PLs) estão a introduzir novas medidas para facilitar a devolução de bens e tornar mais rápido o processamento interno dessas devoluções.

Com base em dados da Effigy Consulting, a análise da Savills aponta que foram entregues na Europa um total de 12,3 mil milhões de encomendas em 2019. Estimativas avançadas pela OFCOM indicam que, ao longo dos próximos cinco anos, a Europa precisará de empregar esforços significativos no desenvolvimento do processamento de encomendas.

Estudo revela aumento do impacto ambiental do e-commerce

Várias empresas na Europa têm procurado reduzir os impactos ambientais das suas operações. Algumas das medidas aplicadas passam pela redução da pegada carbónica, através da formação de frotas de veículos elétricos e pela adoção de abordagens mais ecológicas à embalagem dos produtos.

Marcus de Minckwitz, Regional Investment Advisory EMEA Director da Savills, avança que “não verificamos nenhuma desaceleração da velocidade a que os retalhistas estão a expandir as suas instalações de armazenamento – especialmente tendo em conta o número de devoluções. Será interessante observar se, quando as lojas de retalho reabrirem no pós-confinamento, os retalhistas as utilizarão como centros de devolução, marcando uma transformação no papel das lojas como pontos de compra”.

“O que é claro é que não existe uma única solução para a devolução de bens, numa altura em que os consumidores priorizam a conveniência e os retalhistas, as empresas de entrega de encomendas acomodam as mudanças de preferências aos seus armazéns”, acrescenta.