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Mercado de Escritórios de Lisboa | Análise de Resultados | Agosto 2020

Verão encerra com perspetivas mais animadoras. Mês de agosto reverte tendência de descida observada ao longo dos meses de junho e julho de 2020, no mercado de escritórios de Lisboa.

Estes valores não nos surpreendem e não devem ser percecionados de forma negativa. A pandemia Covid-19 veio claramente colocar em perspetiva os espaços de trabalho e a forma como estes estão organizados e preparados para voltarem a receber os trabalhadores de forma segura.

Rodrigo Canas
Offices Associate Director

 

No mês de agosto de 2020, o mercado de escritórios de Lisboa registou um volume de absorção aproximado de 13.500 m2, o que representa um aumento de 19% comparativamente ao mesmo período do ano 2019.

Depois de dois meses consecutivos de resultados negativos, com os meses de junho e julho a verificarem um volume de absorção total de apenas 5.472 m2 e uma descida de 89,8% face ao período homólogo de 2019, o mês de agosto veio dar um novo impulso ao mercado.

No total foram fechadas 6 operações, duas das quais acima dos 5.000 m2, localizadas na zona do Parque das Nações e no Corredor Oeste.

Perante o contexto de pandemia e ainda que o volume de absorção acumulado entre os meses de janeiro e agosto de 2020 revele uma descida de 28,1% face ao mesmo período do ano 2019, o mercado continua a observar o fecho de operações de maior dimensão e uma vontade resiliente das empresas em levarem a bom termo os seus planos de mudança de instalações.

De acordo com Alexandra Portugal Gomes, Associate do Departamento de Research da Savills Portugal “A quatro meses do final de 2020 é seguro afirmar que o ano irá encerrar abaixo da média de ocupação verificada nos últimos dois anos situada nos 200.000 m2, sendo expectável uma descida de 25% no volume de absorção que coloca o resultado final na ordem dos 150.000 m2 de espaços de escritórios ocupados em 2020”.

Até ao mês de agosto de 2020, 52% do volume de absorção contabilizado foi respeitante a operações acima dos 5.000 m2, sendo que face a 2019, o volume de absorção de espaços com área superior a 5.000 m2 observou um crescimento de 8,3%. No total, foram fechadas 6 operações sendo uma das mais representativas a ocupação por parte do BPI do Edifício Monumental (16.441 m2) na zona Prime CBD. Em termos de performance por zona de mercado, à exceção da zona 7 (outras zonas), todas as zonas do mercado de escritórios de Lisboa demonstraram quebras de atividade, com particular destaque para as Novas Zonas de Escritórios (-76,8%) e a Zona Histórica & Beira-rio (-70,6%).

Apesar da falta de oferta qualificada no coração da cidade, a Zona Prime CBD tem conseguido manter os seus níveis de ocupação relativamente estáveis. Nos primeiros oito meses do ano, esta zona observou um menor decréscimo de atividade do mercado (-13,1%), provando a preferência das empresas ocupantes por localizações centrais que lhes permitam estar muito próximas de uma rede de serviços e transporte completa, mas também diminuir os tempos de deslocação casa - trabalho dos seus colaboradores., fator que assume no contexto atual uma particular importância.

No total, entre janeiro e agosto foram fechadas 63 operações, menos 44% comparativamente ao mesmo período do ano 2019, com a Zona do Corredor Oeste a somar 19 operações e ocupar o 1º lugar neste ranking. Em termos de performance por setor de atividade, os setores de Farmacêuticas e Saúde e Serviços Financeiros são os únicos a registarem valores positivos, com aumentos homólogos de 65,6% e 37,8% respetivamente.  

Rodrigo Canas, Associate Director do Departamento de Escritórios da Savills Portugal acrescenta “Estes valores não nos surpreendem e não devem ser percecionados de forma negativa. A pandemia Covid-19 veio claramente colocar em perspetiva os espaços de trabalho e a forma como estes estão organizados e preparados para voltarem a receber os trabalhadores de forma segura. Se existem algumas empresas que passaram a apostar a 100% no teletrabalho, essa não será realidade da grande maioria das empresas em Portugal. O espaço de escritório vai continuar a manter o seu lugar de liderança, não sendo possível substituir todas as funções a que responde: desde a relação intersocial com os colegas, ao estímulo criativo, ao brainstorming, à troca de experiências e ao estabelecimento e manutenção de uma ligação presencial e fulcral com clientes.”

A Covid-19 demonstra-se assim como uma oportunidade reposicionamento não só das estratégias das empresas, como também dos próprios edifícios de escritórios que se querem agora, mais do que nunca, 100% flexíveis, com capacidade de resposta e adaptação imediata a futuras situações de crise.