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Mercado de Escritórios de Lisboa e Porto | Análise de Resultados | Abril 2020

Número de transações cai significativamente, mas área transacionada triplica no mês de abril face ao período homólogo

É de notar a grande dimensão das transações registadas em abril. Este tipo de operações desenvolve-se de forma extensa no tempo, com alargados períodos de decisão e negociação, vindo a sua contabilização neste mês inflacionar os valores do período”

Rodrigo Canas

 

Ao longo do mês de abril foram transacionados 29.756 m2, três vezes mais que no mesmo período de 2019, contribuindo para um total acumulado desde janeiro deste ano de 74.690 m2, mais 39% que em 2019.

Não esquecendo o cenário de pandemia que vivemos atualmente, e cujo efeito se sentirá sobretudo neste segundo trimestre, os números atingidos em abril são positivos, sendo que o baixo número de transações registadas era já expectável dada a situação pandémica atual.

“Por um lado o baixo número de transações registado em abril é sinal de um abrandamento não tanto da procura, mas sim da tomada de decisão face à incerteza económica que se vive atualmente. No entanto, dada a elevada escassez de espaços disponíveis, a pressão do mercado acaba por levar ao fecho das transações, pelo que o mês de abril não deixou de ser uma imagem fiel do mercado de escritórios lisboeta, em que a procura permanece francamente elevada face à oferta.

É de notar a grande dimensão das transações registadas em abril. Este tipo de operações desenvolve-se de forma extensa no tempo, com alargados períodos de decisão e negociação, vindo a sua contabilização neste mês inflacionar os valores do período”, explica Rodrigo Canas, Associate Director do Departamento de Escritórios da Savills Portugal.

A zona do Corredor Oeste continua a ser aquela que regista a maior dinâmica desde o início do ano, sendo de registar o comportamento da zona 1 - Prime CBD que, ainda que tenha uma reduzida taxa de disponibilidade, tem conseguido dar resposta a uma grande fatia da procura de que é alvo, já com 6 transações registadas em 2020.

Prova disso, é a transação de 16.441 m2 do edifício Monumental, que será ocupado pelo BPI, a maior registada este ano, precisamente na zona 1.

Também a segunda maior transação do ano foi registada em abril, no caso concreto das Natura Towers (zona 7 – outras zonas), num total de 10.406 m2, adquiridas pela Cofidis para ocupação própria.

“O decréscimo acumulado de 55 para 37 transações vem comprovar o comportamento expectável do mercado perante a epidemia, pelo que consideramos estes valores como sendo normais, indo ao encontro do comportamento das principais praças europeias”, afirma Associate do Departamento de Research da Savills Portugal.

O setor de atividade dedicado às Instituições Financeiras, seguido das Empresas não Financeiras e pelo setor das TMTs & Utilities, formam o top 3 das áreas que absorveram o maior take-up desde o início do ano, todas elas superando os valores do período homólogo, tendo no seu conjunto absorvido 66.354 m2.

Porto

No mercado de escritórios do Porto o volume de absorção total relativo ao mês de abril situou-se em 1.564 m2, uma quebra de 85% de área alocada face ao mesmo mês de 2019. Ainda assim, o balanço dos primeiros 4 meses do ano permanece bastante positivo, com um acréscimo de 43% ao volume total de área de escritórios transacionada face ao período homólogo, fixando-se agora nos 21.013 m2.

A zona de mercado “CBD Boavista” permanece na liderança, com um total de 6.713 m2, mais 42% face a 2019, tendo sido a única zona, a par das outras localizações fora da cidade do Porto, que registou um acréscimo de área transacionada face ao acumulado entre janeiro e abril de 2019.

Esta última zona que engloba os edifícios fora do concelho do Porto, foi onde se registou a única transação do mês de abril, mais concretamente na cidade da Maia, contribuindo para um total de 27% do take up dessa zona nos primeiros 4 meses do ano.

"O Porto não perdeu a atratividade que tem vindo a ganhar de forma bastante acentuada ao longo dos últimos anos. A retração sentida na alocação de escritórios é temporária e expectável para o momento atual. Veja-se que em Lisboa e noutras cidades europeias, o comportamento tem sido em linha com o das cidades portuguesas, não havendo motivos para alarme”, afirma Rodrigo Canas.

Um outro sinal positivo que se pode tirar da performance do mercado de escritórios do Porto em 2020, é a cada vez maior transação de espaços com mais de 1.500 m2, que entre janeiro e abril de 2020 somaram 17.990 m2, face a apenas 6.938 m2 no mesmo período de 2019.